quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Primeira Dança

[Escrito no dia da Inauguração do Luxor] e dedico-o a todas as mulheres que, por algum motivo, choram antes de entrar no palco e que ao começar a música, renascem!

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A Dança. A primeira contigo, mas sem ti. Não te procurei nas aguarelas da multidão, pois eu sei. Hoje sei tudo o que há para saber. Sei-me. Sei-me neste momento. Ainda há muito para Ser. Não importa. Não há espaço para divagações. Não, não fugiu de mim o meu sorriso – nem mesmo... quando, antes de entrar, a outra de mim teimava em chorar -. Ainda que por detrás da objectiva não estejas tu, estarei Eu à frente. E o Eu é tudo o que tenho agora (e sempre).
Hoje lembrei-me de todos os meus passos. É possível estar lúcida, mesmo em transe? Sim é. Aprendi isso. Consigo estar aqui e sentir cada compasso, cada cara e vesti-los. Sê-los. Perder-me. A diferença entre nós, é que eu sei que voltarei a encontrar-me, até mesmo durante esta dança. Não te quero saber. Saber-te é pensar-te e todos sabemos que é sempre mais difícil dançar para as que dançam com o coração e não com os pés. Sou a tal, a expressiva, a que sabe que não importam os vidros no chão, pois há feridas maiores por sarar e este não é o momento delas. Não as expresso. Não há espaço para elas nesta Dança.
Lembra-te bailarina como estavas antes de entrar... a mulher frágil.
Lembra-te que ainda há segundos eras outra.
Pára. Pensa. Espera. Não pares, segue. Não penses, sente. Não esperes, dança! Não dês esse Tempo ao tempo que não existe. Ouve a música. Deixa-te Ser nova. Que importa se é a primeira? Poucos o sabem. Ninguém te sabe neste momento. Sabes-te aqui.
E agora que dão os últimos compassos recordas, sem réstia de saudade, aquela que queria entrar no palco e a que nem sequer chegou a sair dele com as suas Danças de Sorrisos...!

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