quarta-feira, 18 de maio de 2011

Entre(Danças)

Era uma vez o que não chegou a ser. Um dia achei que a Dança tinha partido. Ou talvez eu tivesse saído do palco, antes dos últimos acordes. Os que finalizariam este Amor. Não recebi palmas, nem ovações. Simplesmente saí. Esqueci-me que o Tempo transforma o barulho do medo, em sonhos, que sintonizaremos na estação de nós. Haverá sempre açoites, mas somos nós que escolhemos ser Inverno ou não.
O Sol aqueceu-me o peito, no dia em que decidi voltar a dançar. Ainda existiam demasiadas gavetas abertas, é certo, mas fiz um pacto comigo mesma. Não me prometi. Admiti-me assim, não mais compromisso. Não mais me deleitaria no “para sempre”, nem tão-pouco no “nunca”. Enquanto o meu sorriso abraçava o público, dancei a Luz dos olhares que me rodearam e me preencheram de Amor, como pássaros ao meu redor. Esses olhos siderados que me guiaram e me ondularam o corpo. Fui-me na expressão mais pura dos rabiscos de mim. Regressaram-me as pétalas que as narinas do furacão de ti tentaram arrancar. Fui Mulher. Inteira. E nesse mesmo instante, renasceu a minha tão ingenuidade. Voltei criança que sorri e brinca o tempo todo, pois só se sabe assim, sem que se saiba de facto.
O céu não escureceu nos meus pés, nem a madrugada me levou os sonhos. Danço sem pressa de terminar. Sou ambrosia que sirvo nos passos que dou. Néctar que destilo no suor que sou. E, as vidas que dancei antes, passaram. Comecei por dançar para me encontrar. Não sabia é que mesmo dançando, há danças que perdemos. É preciso. E esta é uma nova dança. A da vida que não parou. Reinventei as minhas roupas. Escolhi as músicas que me fariam libertar das raízes de ti e saíste de mim, assim, passado. O sol voltou a despontar, junto a estes, cuja magia e brilho me entorpeceu.
É neste céu que sei voar. Nestes rodopios que me lembram que há lábios que não voltaremos a beijar, mas que existem músicas e pessoas, que continuarão a pedir-nos para que as dancemos - ©Chandra El Sayed
[Por vezes quem nos vê dançar, não sabe que eles é que nos dançam e não o contrário. São eles que nos inspiram e o nosso corpo agradece essa inspiração da forma que melhor sabe fazer. Por isso, obrigada aos que estiveram no jantar de Sábado, pois apesar das palavras de carinho, os vossos olhos cantaram a música que precisava voltar a dançar. E a quem participou no Workshop de Domingo, no Espaço Aberto, beijo imenso, pelos sorrisos e tanto mais ☼]

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